“Não somos ignorantes para destruir Amazônia”, diz secretária de Sinop em revista francesa

“O que a Europa deve entender é que não somos um bando de pessoas ignorantes determinadas a destruir a Amazônia.Com nossos pequenos meios, um trabalho enorme da educação é feito aqui“. Essa foi a afirmação da secretária de Meio Ambiente de Sinop, Ivete Mallmann, em uma reportagem da revista francesa, Magazine Society, intitulada “La Guerre du fue”, em português, “A guerra de Fogo”.

A reportagem aponta Mato Grosso como o estado brasileiro que mais registrou incêndios neste ano e afirma que Sinop é a cidade porta de entrada para a Amazônia, soja e milho.

Vale lembrar que no mês de agosto, o governador Mauro Mendes decretou situação de emergência em decorrência dos incêndios florestais. De acordo com os dados oficiais, Mato Grosso registrou 8.030 focos de calor em agosto deste ano, um crescimento de 230% em relação ao mesmo período de 2018, tendo como base, os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A matéria que possui cinco páginas, afirma que Sinop nasceu e se tornou umas das melhores cidades para se investir no Brasil, em meio a destruição da Amazônia para a plantação de soja e milho, e que, junto com a ajuda município vizinho, Sorriso, se tornou a região produtora de soja mais importante do mundo. A prefeita Rosana Martinelli também possui uma fala na reportagem e, segundo a Chefe do Executivo Municipal, o sucesso de Sinop vem da agricultura. “Aqui nos anos 70, todo o terreno que você conseguiu desmatar você foi dado. Isto é graças a isso que vencemos registros de hoje de produtividade”.

A reportagem mostra também que uma pesquisa realizada no ano de 2015 pelo pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e membro da Associação Brasileira Saúde Coletiva (ABRASCO), Wanderlei Pignati, assegura que a exposição a pesticidas é dez vezes acima da média nacional e que passou despercebida em Sinop e que por isso Mato Grosso Mato Grosso é considerado “campeão de câncer infantil e malformações fetais “.

Ivete defende na reportagem, que vários trabalhos são realizados em Sinop, no combate ao desmatamento. A chefe da pasta ambiental assegura que existem projetos, como o de plantar árvores nativas no Parque Florestal, Viveiro Municipal, entre outros locais. “A situação está longe de ser ideal, mesmo na nossa bolha em Sinop, sabemos que não vivemos em um conto de fadas. Nós não demonizamos agronegócio, porque nosso equilíbrio comercial depende disso”, complementa Mallmann na matéria.

A reportagem acompanhou uma visita na Gleba Mercedes e no texto fica explicito que no percurso até chegar no local, é possível perceber a presença de grandes silos e “plantações encobertas de fumaça esperando a primeira chuva, além de tratores de última geração”, além de mostrar uma “paisagem caótica com a floresta toda queimada”.

Neste sentido, a secretária explica que a estiagem que perdurou por mais de 100 dias e o clima seco também são fatores que contribuem para o alto índice de incêndios na região. “E a menor faísca ou cigarro jogado por um motorista pode causar estragos”, conclui Ivete.