Portal 93
Com você onde você for.

Ouça a Rádio PRIME FM Ao Vivo

Assista a Prime FMOuça a Prime FM

Ouça a Rádio 93FM



Assista a Rádio 93FM

Brasil x Bangú, o amistoso que mudou a seleção do tri

50 anos do amistoso que mudou o destino da seleção brasileira de 1970.

O que levou a Seleção Brasileira a marcar um jogo treino com o Bangu pouco antes da Copa do Mundo de 1970? Talvez a antiga amizade entre João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos, com o patrono banguense Guilherme da Silveira Filho.

A Seleção Brasileira tinha jogado no Maracanã contra a Argentina no dia 8 de março de 1970 e vencido por 2 a 1. Seis dias depois, voltaria a campo, agora para enfrentar o Bangu, em um jogo treino em Moça Bonita. Diferentemente dos dias atuais, em que o time só entra em campo para ganhar muito dinheiro, aquela partida não teve sequer venda de ingressos.

Os funcionários da Fábrica Bangu, os sócios do clube e, obviamente, a imprensa seriam os únicos grupos com acesso ao estádio.

Fontes chegam a calcular em mais de 30 mil pessoas o público presente. Exagero. Talvez tenha chegado a 20 mil. Todos os operários queriam ver a seleção, queriam ver Pelé, Rivelino, Jairzinho. O Bangu, com sua fraquíssima formação dos anos 70, era o “saco de pancadas” da vez.

Como o alvirrubro iria segurar as “Feras do Saldanha” com um time sem estrelas? O próprio técnico banguense, Flávio Costa, fazia questão de dizer que o seu time iria jogar retrancado, imitando o estilo que seleções menores fariam ao enfrentar o Brasil na Copa. Não era uma competição, era somente uma festa.

Mas, quem foi ver o Brasil, viu o Bangu. No 1º tempo, quem jogou mesmo foi o time vermelho e branco. Aos 25 minutos, Aladim cobrou uma falta, com violência, na trave. No rebote, o desconhecido atacante Paulo Mata, vindo do Bonsucesso, fez 1 a 0 – seria um dos raros gols dele com a camisa do Bangu.

Cara de cavalo

A torcida começou a ficar impaciente com a seleção. Em dado momento, os torcedores insultaram o treinador João Saldanha com o corinho “eu grito, eu falo, o Saldanha tem cara de cavalo”.

Flávio Costa percebeu que não só a torcida, mas também os altos dirigentes da CBD iriam se aproveitar do mau resultado para “fritar” Saldanha. Para facilitar ainda mais as coisas para a seleção, o Bangu voltou com nove reservas no 2º tempo.

Dos titulares, só o zagueiro Serjão e o lateral-esquerdo Bauer continuavam em campo. Jogadores tarimbados como Luís Alberto, Mário e Aladim foram para o banco, assistir a provável virada do Brasil.

Virada que não veio, apesar de algumas alterações de João Saldanha: Zé Maria no lugar de Carlos Alberto Torres, Zé Carlos na vaga de Clodoaldo e Edu no ataque, saindo Dirceu Lopes.

O empate acabou surgindo, em um lance de botafoguenses: Paulo César cruzou para Jairzinho.

O zagueiro Moraes, em sua estreia nos profissionais do Bangu, precipitadamente, acabou cortando mal, contra as redes do goleiro Devito: 1 a 1. O Brasil acabou fazendo um segundo gol com Jairzinho, mas o juiz anulou. Antes, ele fizera falta no goleiro banguense.

O placar inesperado fez a multidão sair preocupada do estádio. Poucos dias antes, o Fluminense tinha vencido o mesmo Bangu, no Maracanã, por 2 a 1, sem muitos problemas. A seleção sequer conseguira jogar bem.

Guinada histórica

O fim do técnico João Saldanha estava próximo. Não só pelo empate com o Bangu, mas por inúmeras divergências e brigas com membros da comissão técnica. Dois dias depois do jogo em Moça Bonita, João Havelange criticou publicamente o comando técnico da seleção.

Na terça-feira à noite, Saldanha é chamado para uma reunião na CBD. O recado era claro: “a comissão técnica estava dissolvida”, ou melhor, nem toda a comissão, apenas Saldanha. Admildo Chirol, preparador, Lídio Toledo, médico, continuariam.

50 anos do amistoso que mudou o destino da seleção brasileira de 1970
Placar inusitado. (Edição: Pedro Ivo de Oliveira / Agência Brasil)

Na quarta-feira, também à noite, Zagalo aceita o encargo de comandar o Brasil na Copa do México, em 1970. O restante da história todo mundo já sabe. Nenhuma outra seleção conseguiu sequer um empate contra aquele timaço.

O que o Bangu fez em Moça Bonita, ao segurar o Brasil, ninguém fez. Foram seis jogos e seis vitórias na Copa: Tchecosláquia (4 x 1), Inglaterra (1 x 0), Romênia (3 x 2), Peru (4 x 2), Uruguai (3 x 1) e Itália (4 x 1, na finalíssima). Éramos tricampeões, sem João Saldanha, e com Zagalo no banco.

O Bangu, sem querer, acabou lucrando com o empate. Dez dias depois, estava jogando dois amistosos em Aracaju. Afinal, mais gente queria ver o tal time que tinha “parado” a seleção. (Por Carlos Molinari / Agência Brasil)

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja bem com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceito Leia Mais

Politica de Privacidade & Cookies