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Estudo aponta eficiência de remédio na redução de mortes por Covid-19 de pacientes em ventilação mecânica

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SIB)divulgou uma nota na tarde desta terça-feira (16), onde informa que o medicamento dexametasona se mostrou efetivo e seguro na redução de mortes por COVID-19 para pacientes em ventilação mecânica ou que necessitam de oxigênio fora da UTI.

O documento é emitido pelo presidente da Associação Brasileira de Infectologia, Dr. Clóvis Arns da Cunha.

VEJA A PUBLICAÇÃO AQUI

 

O estudo RECOVERY da Universidade de Oxford publicou os resultados preliminares
de estudo randomizado com grupo controle que comparou dexametasona x grupo controle que
demonstrou que a dose de 6mg de dexametasona por via oral ou por via endovenosa 1x/dia por
10 dias que demonstrou alguns resultados, entre eles:

1) redução de mortalidade (em 28 dias) de 1/3 (33,3%) nos pacientes com COVID-19 em
ventilação mecânica (VM);
2) redução de mortalidade (em 28 dias) de 1/5 (20%) nos pacientes necessitando de
oxigênio e que não estão em VM;
3) não houve diferença nos pacientes que não necessitam de oxigênio.

Vale ressaltar que o medicamento se mostrou efetivo em pacientes EM VENTILAÇÃO MECÂNICA, OU QUE NECESSITEM DE OXIGÊNIO FORA DA UTI.

Vale ressaltar também que o uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que sua utilização inadequada pode esconder determinados sintomas.

Veja a nota emitida pela SIB:

Estudo aponta eficiência de remédio na redução de mortes por Covid-19 de pacientes em ventilação mecânica 2
Nota emitida pela Sociedade Brasileira de Infectologia – Foto: Divulgação

Entenda, abaixo, mais sobre a substância:

A dexametasona é um corticoesteroide, que age como um anti-inflamatório e imunossupressor (ele inibe a ação do sistema imunológico). Essa diferença nos modos de ação se dá de acordo com a dose.

Que doenças são tratadas com ele?

Dois exemplos são o lúpus e a artrite reumatoide, doenças autoimunes – tipo de doença em que o sistema imunológico ataca o próprio corpo.

Mas, na maioria das vezes em que é indicado, o remédio NÃO é usado sozinho, segundo especialistas ouvidos pelo G1. Ele age junto com antibióticos, antivirais ou antiparasitários.

Ele tem efeitos colaterais?

SIM: os corticoesteroides podem piorar quadros como diabetes e osteoporose, afirma a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. Por isso, é importante que as pessoas NÃO se automediquem com a substância, lembra a especialista.

Por que ele funcionou contra a Covid-19?

Farmacêutico segura uma ampola de dextametasona em hospital em Bruxelas, na Bélgica, nesta terça (16). — Foto: Yves Herman/Reuters
Farmacêutico segura uma ampola de dextametasona em hospital em Bruxelas, na Bélgica, nesta terça (16). — Foto: Yves Herman/Reuters

Ainda não se sabe em detalhes, porque os especialistas de Oxford não detalharam os resultados do estudo. Em teoria, um anti-inflamatório poderia ajudar a reduzir a inflamação nos vasos sanguíneos que é causada pelo vírus da Covid-19. Mas isso é apenas teoria e não foi esclarecido, destaca o infectologista Jamal Suleiman, do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.

Sars-CoV-2 causa a chamada “tempestade de citocinas”, que é uma reação inflamatória grave do corpo por uma reação exagerada na luta contra o vírus. (Veja detalhes mais abaixo).

“A Covid inflama o vaso e diminui o fluxo sanguíneo naquele lugar. Tem moléculas inflamatórias que se depositam ali e isso promove a formação de coágulos. Se [o medicamento] reduz a inflamação… mas nem esse mecanismo, que é teórico, está comprovado nessa recomendação. A recomendação foi baseada numa redução de mortalidade. A base teórica não está completamente esclarecida”, explica o infectologista.

Da mesma forma, não é possível saber, ainda, na opinião do médico, por que a droga só teve eficácia em casos severos da doença. “Existe um critério de gravidade ainda não muito claro. Por isso é importante que publiquem [o estudo]”, diz Suleiman.

“Uma das reações mais importantes no desenvolvimento da infecção por este novo coronavírus no corpo é uma reação inflamatória acentuada”, explica Mariângela Simão, diretora-geral assistente para Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Então, é esperado que um anti-inflamatório possa ajudar os casos ao diminuir a capacidade do corpo de fazer uma hiper-reação inflamatória, que é o que tem causado a maior parte das complicações do vírus”, esclarece Simão.

“Os corticoesteroides, particularmente o corticoesteroide que o estudo demonstrou, vai dimiuir esta hiperinflamação; com isso, faz com que esta hiperinflamação cause menos dano e que haja uma melhor chance de sobrevida”.

O que é a tempestade de citocinas?

É um processo inflamatório desencadeado pela presença do vírus, também chamado de “cascata inflamatória”, explica Suleiman. Esse processo ocorre quando o corpo sofre qualquer tipo de agressão – ou quando tem uma doença autoimune, por exemplo. No caso do coronavírus, esse processo ocorre de forma muito grave.

“No momento que é agredido, o corpo produz substâncias para tentar se defender – isso inclui uma batida, por exemplo, quando a pessoa bateu a perna numa quina. Nesse local onde ocorre o trauma, você começa a produzir substâncias para tentar se defender que são pró-inflamatórias”, explica o infectologista.

O desfecho das inflamações, entretanto, é diferente conforme o dano sofrido: uma pancada ou, no caso da Covid-19, um vírus. Também muda conforme o vírus causador da doença. “Vários fatores podem desencadear esse processo. Nesse caso especial, é esse vírus”, diz Suleiman.

“O que está acontecendo nos pulmões em alguns pacientes é que há uma super-reação inflamatória. Então, em vez de ajudar o paciente, ela destrói o pulmão”, explica Mariângela Simão. “Ela faz com que os pulmões fiquem incapazes de fazer as trocas de oxigênio.

O remédio já está sendo usado no Brasil?

Segundo a infectologista Rosana Richtmann, também do Emílio Ribas, os protocolos de tratamento de pacientes graves no Brasil já incluem algum tipo de corticoide.

A novidade do estudo de Oxford é a dose, por ser mais baixa que as que já vinham sendo usadas, afirma a médica. Em doses altas, os corticoides podem ser um “tiro no pé”, diz Richtmann, por inibirem a resposta imune.

Nesta terça (16), a Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu uma recomendação para que todos os pacientes com Covid-19 em ventilação mecânica e os que necessitam de oxigênio fora da UTI recebam a dexametasona por via oral ou endovenosa, na dose de 6mg, uma vez ao dia por 10 dias.

Qual é a diferença entre o remédio e outros corticoides?

O mecanismo de ação de todos os corticoides é semelhante. O que muda entre eles é a equivalência, explica Richtmann. Uma dose de 6mg de um determinado corticoide equivale a 40mg de outro, por exemplo.

E a diferença para outros medicamentos, como os antivirais, os antiparasitários e os antibióticos?

O mecanismo de ação é diferente. A dexametasona é um corticoide, que funciona em inflamações. Ele funciona em conjunto com outros remédios.

Se um paciente tem um caso grave de mononucleose, por exemplo (infecção bacteriana), o médico pode optar por usar um anti-inflamatório para diminuir a inflamação do local e permitir que o antibiótico aja sobre a bactéria, explica Richtmann.

“Os antivirais matam vírus; os antibióticos, bactérias; os antiparasitários, parasitas; e os anti-inflamatórios não matam nada. A ação do corticoide não vai ser sozinha [na Covid-19]: ele não tem ação viral. É uma doença muito complexa, não vai ter tratamento único”, diz a médica.

“Os antivirais podem bloquear um ciclo específico de replicação do vírus; a mesma coisa vale para os antiparasitários, como a hidroxicloroquina, que é usada para tratar malária”, explica Suleiman.

O que diz a OMS sobre a descoberta?

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, comentou os resultados dos experimentos.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva nesta sexta-feira (21). — Foto: Reprodução/Twitter WHO
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva nesta sexta-feira (21). — Foto: Reprodução/Twitter WHO

“Este é o primeiro tratamento que demonstrou reduzir a mortalidade em pacientes com Covid-19 que necessitam de suporte de oxigênio ou ventilador [mecânico]”, disse Tedros. “São ótimas notícias e parabenizo o governo do Reino Unido, a Universidade de Oxford e os muitos hospitais e pacientes no Reino Unido que contribuíram para esse avanço científico que salvou vidas”.

A dexametasona é um esteroide usado desde a década de 1960 para reduzir a inflamação em várias condições, incluindo em certos tipos de câncer. Está listada como medicamento essencial pela OMS desde 1977 em várias formulações, e está disponível de forma acessível na maioria dos países, fora de patente. (Com informações do Bem Estar)

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