Em meio a pandemia, PF apura indícios de corrupção no Rio de Janeiro
O governo do estado anunciou R$ 1 bilhão para o combate à Covid-19. A maior parte desse orçamento, R$ 836 milhões, foi destinada para o Iabas em contratos emergenciais, sem licitação. As obras estão atrasadas há quase um mês.
Em meio a pandemia do novo coronavírus, a Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão, em uma operação que investiga um suposto caso de corrupção no Estado do Rio de Janeiro, envolvendo supostos desvios na Saúde. A Operação Placebo já estava em andamento e foi deflagrada na manhã desta terça-feira (26).
São 12 mandados de busca e apreensão, sendo um deles no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Wtzel (PSC). Witzel e a esposa, Helena, são alvos da operação, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) — responsável por ordenar ações contra governadores.
Há 15 dias, o Ministério Público do RJ comunicou a Procuradoria Geral da República sobre citação ao Witzel nas investigações. Equipes também foram mobilizadas para a casa onde Witzel morava antes de ser eleito, no Grajaú, e no escritório de advocacia do governador, que é ex-juiz federal.
O governo do estado anunciou R$ 1 bilhão para o combate à Covid-19. A maior parte desse orçamento, R$ 836 milhões, foi destinada para o Iabas em contratos emergenciais, sem licitação. As obras de seis das sete unidades do governo do RJ estão quase um mês atrasadas — somente o do Maracanã está operando, e uma ala foi “inaugurada” nesta sexta.
Nesta quinta (21), em entrevista ao RJ2, o secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, afirmou que alguns desses hospitais podem não ser entregues. O governo Witzel já pagou um terço do valor acertado com o Iabas.
“A gente está vendo que, gradativamente, está diminuindo o número de casos. Isso faz parte da epidemia. Se a gente perceber que isso vai continuar, a gente vai deixar de construir as unidades, e o valor será devolvido para o Erário”, disse Ferry.
Desse montante — e antes de ter recebido o primeiro leito dos sete hospitais contratados —, o estado já tinha adiantado R$ 256 milhões, em três levas:
Uma de R$ 60 milhões, paga em duas vezes, nos dias 13 e 15 de abril, sem especificação de onde seria o usado o dinheiro;
Uma de R$ 68 milhões, para pagar respiradores e finalização da montagem dos hospitais;
E outra parcela, no valor de R$ 128,5 milhões. (Com G1 RJ)
A Polícia Federal já foi até o:
- Palácio Laranjeiras: residência oficial do governador e da família;
- Rua Professor Valadares, Grajaú: residência onde morava Wilson Witzel;
- Rua Dezenove de Fevereiro, Botafogo: residência de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde;
- Avenida Ataulfo de Paiva, Leblon: residência de Gabriell Neves;
- Rua da Assembleia, Centro: escritório do Iabas.