Reduzir reformas de fim de ano
Muitas empresas aproveitam os recessos de fim de ano para reformas nas suas estruturas. Isso acontece com muita frequência nos escritórios, academias e restaurantes, mas em meio a pandemia da Covid-19, esse cenário será bem diferente na passagem de 2020 para 2021.
Dois fatores apontam para essa nova tendência. O primeiro diz respeito a inflação dos últimos meses, com alta de 0,88% em agosto e acumulado de 3,78% nos últimos 12 meses, de acordo com informações avaliadas pelo IBGE.
A alta percebida aconteceu, principalmente, no cimento, que interfere em outras indústrias, como é o caso do concreto bombeado, mas também em blocos cerâmicos e condutores elétricos.
“Além de ser o maior aumento do ano, é o maior índice de agosto desde 2013, quando começa a série com desoneração (sem os encargos sobre a folha de pagamento)”, explica Augusto Oliveira, gerente da pesquisa no IBGE.
O segundo fator está relacionado diretamente a pandemia da Covid-19.
Muitas empresas adotaram o modelo de trabalho remoto, mais conhecido como home office , o que fez com que milhares de imóveis ficassem vazios. Como consequência, alguns destes locais tiveram os contratos de locação encerrados e foram desocupados.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que mais de 8 milhões de trabalhadores migraram para a modalidade home office durante a pandemia e, mesmo com a reabertura da economia, pelo menos 25% deve seguir nessa modalidade. Logo, serão mais de 2 milhões de brasileiros fora dos escritórios.
Essa última afirmação é feita com base na pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA), que ouviu empresários afirmarem que a prática deve ser mantida para ao menos 25% dos funcionários após o término da pandemia.
Por outro lado, uma leve retomada na construção civil residencial, que já é percebida na entrega de grandes empreendimentos nos principais centros urbanos, deve proporcionar a estes trabalhadores novas oportunidades profissionais.
Para isso, eles precisam ser ágeis e apresentar soluções para apartamentos residenciais com pequenas metragens, atualmente com menos de 60 metros quadrados.
Se o aumento dos materiais de construções e o home office devem inibir as reformas empresariais, os consumidores poderão aproveitar a oportunidade para negociar melhores custos de mão de obra com os arquitetos, engenheiros e empreiteiras, já que essa queda apontada acima vai deixar boa parte da mão de obra ociosa.
De posse dessas informações, agora cabe a cada um dos lados, os profissionais envolvidos se adaptarem a essa realidade, e aos consumidores residenciais estudar se este é o melhor momento ou não para revitalizar seus imóveis.